O efeito da quimioterapia e da radioterapia nos dentes

Quimioterapia e radioterapia são 2 tipos de tratamento contra o câncer que visam inibir o crescimento ou destruir células neoplásicas (cancerígenas). Infelizmente, nesse processo, células normais acabam sendo afetadas, também.

Quimioterapia

A quimioterapia é um tipo de tratamento sistêmico, ou seja, que produz efeitos no organismo todo, e que pode piorar problemas bucais pré-existentes. Ou seja: se você começa um tratamento quimioterápico sem antes ir ao dentista e deixar a boca ok, com a quimioterapia os problemas se agravam.

Quimioterapia
Quimioterapia

Quando procurar o dentista?

Antes mesmo de começar a quimioterapia! Cerca de 15 dias após uma sessão de quimioterapia, o paciente entra em imunossupressão, que é a queda da resistência. Nesse período, qualquer foco preexistente de infecção na boca (cárie, gengivite, doença periodontal) representa um grande risco de virar uma infecção séria, inclusive generalizada (se espalhando para outras partes do corpo). Por isso é essencial o tratamento odontológico prévio à quimioterapia, sendo tarefa do dentista investigar  as possibilidades de infecção, dentárias ou gengivais, e tratá-las.

Ainda, não é incomum que a severidade das complicações bucais vindas da quimioterapia exijam a interrupção do tratamento contra o câncer, e interromper o tratamento pode significar a morte do paciente. Portanto o dentista é necessário antes e durante a quimioterapia. Outros tratamentos que não envolvam risco direto de infecção (uma prótese, por exemplo), podem ser feitos até durante a quimioterapia, entre os ciclos.

Porém, alguns tipos de câncer têm evolução muito rápida, não havendo tempo pra um tratamento odontológico prévio, pois o tratamento contra o câncer começa imediatamente após o diagnóstico. Nesses casos, o momento adequado para o tratamento odontológico será entre um ciclo e outro da quimioterapia.

Principais efeitos colaterais da quimioterapia

São sintomas bucais que podem acometer o paciente em quimioterapia:

  • Xerostomia: boca seca pela diminuição do fluxo salivar ou pela ausência de saliva;
    .
  • Mucosite: degeneração progressiva do epitélio de revestimento das mucosas. A mucosite causa lesões ulceradas, como se fossem grandes aftas, e essas lesões facilitam a ocorrência de infecções com repercussão no organismo todo;
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  • Infecções secundárias: durante a quimioterapia ocorre uma condição sanguínea chamada leucopenia, que é diminuição da taxa sanguínea de leucócitos (glóbulos brancos) abaixo do limite inferior da normalidade. Os leucócitos são células de defesa e, quando estão em falta, infecções oportunistas como a candidíase (sapinho) podem surgir;
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  • Alterações na formação dos ossos e dos dentes: isso só ocorre em crianças / adolescentes, pois adultos já têm os ossos e dentes completamente formados. Na fase de crescimento todos os tecidos do organismo estão em formação, e a quimioterapia pode interferir nesse processo. A sequela mais comum é a não-formação de alguns dentes, problema que pode ser resolvido posteriormente com próteses e implantes;
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  • Neurotoxicidade: é rara, representa 6% das complicações bucais. A quimioterapia pode afetar os nervos bucais e causar dor de dente. Não que a dor seja propriamente no dente, mas a pessoa sente como se fosse. Felizmente, esses sintomas costumam desaparecer após a quimioterapia.

Todos esses efeitos colaterais têm tratamento e devem ser acompanhados e tratados por um dentista. Quanto mais novo é o paciente, maior a chance de problemas bucais durante a quimioterapia, que ocorrem em cerca de 40% dos adultos e 90% dos pacientes menores de 12 anos.

Tratamento dos efeitos colaterais da quimioterapia

O tratamento, como já expliquei, deve começar antes mesmo do aparecimento dos sintomas, de forma preventiva. Por exemplo, a aplicação de laser de baixa potência provoca um efeito biológico positivo (bioestimulação) e pode evitar o aparecimento da mucosite. Os efeitos bioestimuladores desse tipo de laser aumentam o metabolismo celular e estimulam a cicatrização.

Ainda, o uso de certas enzimas antibacterianas (lisozina, lactoperoxidase, glicose oxidase, etc.) ajudam a prevenir danos celulares e infecção.

Radioterapia

A radioterapia é um tratamento local, direcionado ao tumor, diferente da quimioterapia, que “bagunça” o organismo todo. Consiste na destruição das células neoplásicas através da aplicação de uma dose pré-calculada de radiação ionizante por um certo tempo, com o menor dano possível às células normais próximas ao tumor. Então, os efeitos adversos bucais da radioterapia só ocorrem quando o câncer é bucal (cabeça e pescoço).

Radioterapia
Radioterapia

Quando procurar o dentista?

Antes mesmo de começar a radioterapia! Vale a mesma recomendação feita para a quimioterapia: resolva todos os seus problemas bucais antes de começar a radioterapia porque, havendo focos de infecção (cáries, tratamentos de canal e extrações por fazer, problemas periodontais), a chance de uma infecção séria se desenvolver é grande.

Principais efeitos colaterais da radioterapia

São sintomas bucais que podem acometer o paciente em radioterapia:

  • Xerostomia (como na quimioterapia);
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  • Mucosite (como na quimioterapia);
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  • Disfagia: dificuldade de engolir;
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  • Disgeusia: perda ou alteração do paladar;
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  • Infecções secundárias (como na quimioterapia);
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  • Cáries de radiação: não que a radioterapia cause cárie de forma direta, mas ela facilita o surgimento de cáries por ter efeito sobre os odontoblastos (células que produzem a dentina, a parte do dente que fica por baixo do esmalte), além de alterar o próprio esmalte. Quando há uma cárie, o dente fabrica um tipo de dentina chamada reacional, pra tentar evitar que ela avance. A radioterapia diminui a capacidade do dente em fabricar a dentina reacional, deixando o dente mais vulnerável às cáries. Além disso, a diminuição da salivação interfere diretamente no aumento da chance de cárie, já que a saliva atua protegendo os dentes, ajudando a mantê-los limpos, além de sua capacidade tampão, que é uma propriedade que ela tem de manter o pH (acidez) bucal constante. A cárie mais comum durante a radioterapia é a cervical, ou seja, aquela próxima à gengiva;
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  • Periodontite: dano aos tecidos de suporte dos dentes (osso e gengiva). Os vasos sanguíneos são afetados e, radiograficamente, há ampliação do espaço do ligamento periodontal e destruição óssea. Essas alterações aumentam o risco de doença periodontal, pois há uma redução na capacidade de reparo e remodelação óssea. Além disso, a flora bacteriana bucal muda, pois há o aumento do número de bactérias gram negativas (Streptococcus mutans, Lactobacilos e Actinomyces naeslundi, P. gingivalis).;
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  • Trismo: dificuldade e/ou limitação da abertura bucal;
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  • Osteorradionecrose: é uma das complicações mais graves da radioterapia, com incidência maior em idosos e na mandíbula. A maior parte dos casos de osteorradionecrose ocorre nos primeiros três anos após a radioterapia, mas a chance dela ocorrer é para o resto da vida. É caracterizada por necrose óssea decorrente da diminuição do fluxo sanguíneo local que a radioterapia causa. Ou seja: falta sangue e o osso “morre”. Quando há periodontite ou problemas de canal (endodônticos) já antes do paciente se submeter à radioterapia, a chance de osteorradionecrose aumenta bastante. Outro fator que aumenta o risco de osteorradionecrose é o uso de bisfosfonatos, medicamentos usados principalmente no tratamento da osteoporose.

Tratamento dos efeitos colaterais da radioterapia

Depende do tipo de sintoma que o paciente apresenta.

Para a xerostomia, estimulação do fluxo salivar e saliva artificial, além da adequada ingestão de água. Bochechos diários com flúor ajudam a combater as cáries, além da adoção de uma dieta menos cariogênica (menos açúcar!) e de uma higienização bucal criteriosa. Caso já haja cáries, deve ser realizado tratamento restaurador convencional.

Você vai precisar visitar o seu dentista periodicamente e fazer profilaxias (“limpezas”) constantemente.

Para a mucosite, sessões de laser de baixa potência e biostimulação.

Para minimizar problemas periodontais, pode haver indicação de bochechos com clorexidina por até 14 dias, a critério do seu dentista.

As extrações devem ser evitadas ao máximo, principalmente na mandíbula (parte de baixo), pra evitar osteorradionecrose. Caso ocorra, o tratamento se dá com antibióticos e oxigenação hiperbárica.

Em caso de infecções, uso de antibióticos.

A suplementação com zinco e cobre, preventivamente e ao longo de toda a radioterapia até um período de tempo após o término do tratamento, ajuda a reduzir a disgeusia. É essencial o acompanhamento de um nutricionista para monitorar o peso do paciente e dar outras orientações nesse sentido.

Para o trismo, fisioterapia com exercícios dos músculos mastigatórios envolvidos e uso de relaxantes musculares.

Tem um artigo bem legal sobre o tema aqui –> Repercussões da radioterapia na região orofacial e seu tratamento

* * *

Em resumo: se você vai se submeter a quimio ou radioterapia, além do médico oncologista que vai tratar você, você precisa de um dentista também. Sem contar outros profissionais essenciais nesse processo: nutricionistas, psicoterapeutas, fisioterapeutas, etc.. Se cuide! 🙂

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Categoria: Diagnóstico Bucal

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42 comentários

  1. Dra ! Passei por tratamento de radio e quimio há oito anos atrás (2008). Câncer na laringe ! Agora tento fazer implante dentário total e na mandibula está surgindo problemas. Os implantes não estão se fixando adequadamente. Estão bambeando ! Tem algo a ver com o tratamento a que me submeti em 2008 ?

    1. Grimaldo, não necessariamente. Pode ser peri-implantite, e não ter nada a ver com o tratamento químio / radioterápico que você fez. É questão de avaliar.

  2. Olá Dra. Bom dia! Parabéns pelo blog. Passei por 25 sessões de radioterapia na mama há dois meses. Como uso uma prótese, o dente que “suporta” o ferrinho está com mobilidade. Fui a uma dentista e a mesma me disse que é necessário extraí-lo, mas que vou ter que esperar por 3 a 5 anos, para não correr o risco de osteorradionecrose. Sinto muita dor, pois a raiz está exposta. Estou à base de medicamentos diários para dor. O que fazer?
    Grata pela colaboração e atenção!

    1. Rosangela, a área irradiada foi só a da mama? Se sim, não vejo razão pra osteorradionecrose, seria possível extrair o dente já.

  3. Adorei suas publicacoes. Tive cancer de mama aos 48 anos, ja havia entrado na menopausa com 47 anos, e a vida toda tive dentes maravilhosos. Fiz 4 quimios vermelhas e 4 taxorete, mais 17 aplicacoes de herceptin. Terminei a ultima ha 2 semanas. Ha uns 4 meses atras um dente de tras quebrou ao meio, mas eu ja tinha tratado o canal, entao o dentista disse que colocou apenas uma capa de porcelana. Ontem comi algo duro e quebrou metade da capa de porcelana e o ciso quebrou por baixo. Nao sinto dor nem nada, mas estou com medo de comecar a quebrar todos meus dentes. Tive pouca gengivite nas quimios vermelhas, mas resolvi facilmente com escovacao e flogoral. Que saiba nao tenho nada na parte ossea dos dentes, mesmo com 50 anos e sem tomar calcio meu nivel de calcio no sangue saiu 10,1 (otimo, ate acima da referencia) e vitamina D 77,8. Quero saber se pode haver complicacoes em fazer uma jaqueta nos dois dentes. Muito obrigada por sua atencao.

    1. Obrigada. 🙂 Em princípio não, Isabela. O grande problema de tratamentos em pessoas que passaram por quimioterapia está nas cirurgias. Como o seu é prótese e, em princípio, não envolve nada cirúrgico, ok.

  4. Dra estou com uma paciente que finalizou quimio e radio há pouco tempo. Acabou de se curar de endocardite bacteriana.
    Tive que parar a reabilitacao por conta de tudo que relatei, está no momento com provisórios.
    Eu gostaria de saber se há chance ainda para a colocação de implantes ou se haverá o risco de osteonecrose.
    Obrigada desde já pela excelente postagem!

    1. Oi Dra., a paciente fez radioterapia em que região? Onde é / era o câncer? A chance de osteonecrose existe pra sempre, mas é muito maior nos 3 primeiros anos após o tratamento.

  5. Uma coisa que esqueci de mencionar Drª, parabéns pelo post, muito bom. Tenho uma outra dúvida, notei uma quase imperceptível manchinha branca no meu incisivo lateral esquerdo, quase não dá pra ver, e ela só aparece numa luz elétrica mais opaca, na luz do sol, por exemplo, se torna imperceptível. Fiquei um pouco desconfiado, o que será? OBS: Tenho manchinhas em outros dentes.

    1. Manchas brancas podem ser: hipoplasia de esmalte, fluorose, cárie em estado incial (se opacas e sem brilho). Se você tem manchinhas parecidas em outros dentes, pode ser um pouco de fluorose (sem maiores consequências e nem necessidade de tratamento).

  6. Drª, tenho uma dúvida meio longa, mas vou explicar (não tem relação com o post). Estou usando aparelho fixo ha quatro meses, mas perdi a confiança no meu dentista por uma série de fatores (não me refiro ao ortodontista, mas sim aos dentistas que foram responsáveis pelo meu tratamento clínico). Tenho 20 anos atualmente e quando eu era mais jovem, na adolescência por volta dos 15/16 anos, fiz duas restaurações, uma no dente atrás do canino (que me falha a memória o nome) e outra no molar inferior esquerdo. Depois de muito passar o tempo (nunca mudei de clínica, mas alguns dentistas saíram e outros entraram) continuei o tratamento, até ai, beleza. Porém, foi descoberta cárie profunda nesses dois dentes. Lembro bem, que quando fui ao dentista trata-los, nem sequer havia cavidade, e sim uma cárie superficial, tanto no molar, quanto “aquele atrás do canino”. Refiz as duas e ambas estão até bonitas, mas me pergunto se voltarei a ter problemas com esses dentes. Não sinto dor alguma neles e não foi necessário canal. Minha outra dúvida trata-se também de restaurações. Fui ao dentista recentemente, prosseguindo com o meu tratamento, detalhe, havia uma “linha” bem clarinha ao lado do meu incisivo central superior, entre ele e o incisivo lateral. Perguntei ao meu dentista, ele disse: “Não tem nada ai, fique tranquilo que não há cárie, é apenas uma mancha, continue com a higienizando nessa área. Use sempre fio dental”, fiquei feliz da vida e alguns dias depois fui fazer a manutenção do meu aparelho, a outra dentista, responsável pelo meu tratamento disse que havia cárie no mesmo lugar onde o doutor negou quaisquer problemas. Já a doutora (lembrando que eu insisti ao doutor na primeira consulta, para que ele avaliasse a tal “linha” e segundo ele não era nada) disse que tinha cárie, mesmo que superficial, o estranho é; ela disse assim “Aqui está ela, eu diagnostiquei como cárie, então…. é, é cárie”. Foi algo bem superficial, mas me pergunto, realmente havia cárie nesse dente? Nessas circunstâncias, fiz a restauração, mas não confio neles, de forma alguma. Por favor, Doutora, o que a senhora me recomenda? Mesmo que o texto seja extenso, leia e se possível, eu te mando as fotos das duas restaurações que estavam me preocupando. Beijo e bom início de ano 🙂 Me tranquilize, Doutora rs

    1. Mikael, não tenho razão, pelo seu relato, pra achar que você terá problemas com os 2 dentes restaurados. Quanto à possível cárie, não tenho como dizer pra você se é ou não. Mas minha experiência me diz que não deve ser… o dentista clínico, em tese, tem mais vivência nesse tipo de diagnóstico… até na forma como você descreveu as “falas” deles o clínico me pareceu mais convicto. Mas essa é só minha impressão, não dá pra dizer ao certo apenas com base nos dados que tenho.

      1. Obrigado por responder, Drª Ana! Sobre a machinha que te disse no outro comentário, que poderia ser fluorose ou cárie inicial. Primeiramente, o Drº me disse que era cárie inicial, embora tenha me afirmado que essa “cárie” poderia se estabilizar e parar mantendo uma boa higienização, ele me pediu um raio x pra confirmar. Então fui lá, tirei o raio x onde apareciam os dentes: Canino, incisivo lateral esquerdo (O da manchinha) e os incisivos superiores centrais. Enfim, ele me disse que não havia nada a não ser a mancha. Nesse caso, me foi recomendado por ele mesmo que eu mantenha a higiene dobrada no local para que a mancha não aumente. É praticamente imperceptível. Posso ter algum problema por conta dessa “mancha/tracinho”? Outra dúvida, posso usar faceta em qualquer dente? Serviria para aquele dente atrás do canino que tinha te falado? Penso em por depois de remover o aparelho. Se possível, quero te mandar uma foto.

        1. O problema que você pode ter é a cárie avançar. Se ela estiver restrita ao esmalte, uma boa higienização deve impedir isso. Facetas geralmente são feitas até os caninos, mas é possível fazer em pré-molares, também. Mande para [email protected]

        2. Estou fazendo de tudo para higienizar perfeitamente o local da pequena manchinha. A cárie pode deixar de existir ou ela avançará de toda forma?

          1. Cáries restritas ao esmalte podem regredir. Mas se ela já chegou à dentina, pode até não avançar, mas continuará existindo de forma crônica.

  7. Tenho uma paciente q fez radio e quimio devido a um câncer bucal. Passou por todo esse quadro descrito de xerostomia, sensibilidade… Terminou o trat faz 1 ano e meio. Só q ela tem diastema entre o 31 e 32 q a incomoda mto devido a perda precoce do 36 e 46. Que problemas eu poderia ter se eu fizesse o trat ortodôntico colando só de pré a pré inf para fechar esse espaço? Tem algum exame q posso pedir pra saber se ela poderá ser submetida a esse procedimento? Obrigada desde já!

    1. Marcília, o chance de osteorradionecrose persiste. O osso da mandíbula pode ainda apresentar vascularização diminuída e menor capacidade de resistir a trauma e regeneração, e ortodontia envolve reabsorção e neoformação óssea. Eu acho que a paciente pode ter problemas, sim. Mas não sou especialista na área.

  8. Oi Dra.
    Não sei se este post é específico ou se vc comenta outros problemas aqui. Mas, por ser o mais recente, resolvi vir aqui mesmo.
    É o seguinte: em julho foi feito um enxerto para implante de um dente na frente. Agora em janeiro retorno para ele avaliar se deu certo. Mas estou preocupada, pois sinto uma sensibilidade, uma dorzinha. Se pressiono o local parece meio elevado e dói mais. Parece aquelas raízes de dente inchado, mas menos dolorida.
    No começo falei para ele, que disse que era porque não estava cicatrizado ainda. Mas a sensação continuou e resolvi não falar mais e esperar a avaliação. Até pq antes do prazo ele não poderia fazer nada, não é?
    Agora que deu o prazo estou preocupada, com medo do enxerto não ter pegado. O que vc acha? Sei que é difícil sem ver pessoalmente e sem exames, mas o que pode me dizer sobre essa dorzinha e esse pequena elevação? Seria normal?

    Ao marcar a consulta a secretária disse que ele falou para eu fazer a radiografia panorâmica para ver os outros implantes, mas antes ele havia me dito que ia pedir uma tomo para ver o enxerto. A panorâmica é suficiente?
    Confio no meu dentista. Hj, ao fazer a panorâmica, o dr. (ou técnico ?) o elogiou, disse que é um dos melhores de Londrina…. Mas… estou muito ansiosa. Meu tratamento está indo tão bem e, agora, de mais complexo falta apenas ver se o enxerto pegou para fazer o último implante, justamente no dente da frente… E depois começar a colocar as coroas (estou usando prótese parcial provisória). Medo de não ter dado certo…

    1. Any, você tem sintomas inflamatórios, e toda cicatrização envolve inflamação. Então não dá pra dizer que haja alguma coisa errada. Pelo seu relato, não tenho razão pra duvidar que o enxerto tenha dado certo. A panorâmica pode trazer informações importantes e, se o dentista achar insuficientes, pede a tomo.

      1. Obrigada, Dra. Semana que vem terei consulta com o dentista e espero que tudo corra bem. Mas estou mais tranquila, agora.

        1. Olá,
          Voltando para dizer as boas notícias. Acho interessante informar o que aconteceu na sequência à postagem inicial pois acredito que muita gente, assim como eu, gosta de acompanhar os posts e ver os resultados positivos.
          Enfim, meu enxerto está indo bem, pelo que entendi é o que vc me disse mesmo, sobre a inflamação. Normal, segundo ele. A panorâmica está dentro do que ele esperava, também fez o exame clínico. Como fiz a cirurgia para colocar os cicatrizadores na arcada inferior, tomei antibióticos e anti-inflamatórios e ao que parece, foi bom para a região do enxerto. Já faz uma semana que acabei os remédios e sumiu a dorzinha e a sensibilidade é quase nula. Em meados de março farei a cirurgia na arcada superior, a do enxerto, para colocar os implantes. O dentista falou que até lá completarão os 8 meses do enxerto e nesse período praticamente terá sumido esse incômodo. Em todo caso, se ele perceber algo fora do esperado, vai pedir a tomografia.
          Muito feliz com meu tratamento. Está sendo longo, mas caí em boas mãos (literalmente, rsrs) e aquele medo e vergonha sumiram. Hj, se tem uma pessoa que gosta de ir ao dentista, sou eu, rsrsrs. Nem da anestesia tenho medo e olha que essa última foi pesada, pois anestesiou toda a arcada inferior para colocar os cicatrizadores.
          Bjs e continue com este trabalho maravilhoso!

          1. Que bom saber, Any! E obrigada por vir contar, relatos como o seu são um incentivo para outros leitores, com certeza. Abraço! 🙂

  9. Olá doutora Ana, eu sei que é um pedido aleatorio, mas será que voce poderia fazer uma postagem especial sobre “mordidas de famosos” ? É que percebi que algumas tem umas mordidas nada certas, e seria bom pra outras pessoas verem que até as famosas lindas tem problemas ortodonticos 😛

    ex: Eliana e Paola Oliveira.

    1. Claro, Saa… vou providenciar. É uma forma de falar de beleza e imperfeição (quem disse que pra ser bonito tem que ser perfeito?). Abraço!

  10. Existem dentistas especialistas nessa área 🙂 sou Cirurgiã Bucomaxilofacial formada no Hospital Erasto Gaertner, hospital referência em tratamento de câncer em Curitiba e no Paraná. O ideal é sempre conversar com quem entende do assunto, mesmo após o término do tratamento, pois, ao contrário do que dizem por aí, os efeitos da radioterapia são permanentes na grande maioria dos casos. E existem vários tratamentos e esquemas radioterapicos com efeitos diferentes. Lembrando que exodontias em regiões irradiadas principalmente mandíbula tem o maior risco de osteorradionecrose e apesar de tratarmos a osteorradionecrose com antibiótico e terapia de oxigenação hiperbarica, a eficácia está longe do 100%. O mais comum eh precisar remover o osso que está necrosando, com uma margem significativa, o que pode inviabilizar uso de próteses posteriormente. Então, bom senso! Antes de realizar um procedimento invasivo, pergunte pra quem entende do assunto se vc não estiver por dentro! 😉
    Muito bom tópico!

    1. Dra. Meu filho fez quimio e rádio, em 2010 ele fez 2 anos de tratamento, levei ele no dentista e ele precisou colocar o aparelho, mas o aparelho não fica no dente, a Dra. cola, quando é no outro dia o aparelho começa a soltar, será q isso é por causa da quimio e tá rádio q ele fez?

      1. Creio que não, Eva. No começo do tratamento ortodôntico não é incomum que alguns bráquetes descolem, mas isso costuma se resolver com o tempo.

A área de comentários / perguntas está fechada. Agradeço a compreensão.

No plantão: Ana Tokus

Cirurgiã-dentista graduada pela Universidade Federal do Paraná, especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia pela ABO-PR, convicta de que medo de dentista se combate (também) com informação. Diva-Boss do OdontoDivas e autora do Blog Raios Xis. Twitter: @AnaTokus e @medodedentista