Ontem recebi um contato através do site do meu consultório de um paciente querendo agendar avaliação. Quer dizer, mais ou menos isso, né?! Na verdade ele me informava que em determinado horário ele poderia estar lá (se eu estivesse disponível, claro) e que já queria fazer a raspagem. Aí pensei: raspagem? Que raspagem? Quando foi que eu avaliei esse paciente?
Pois é: eu não avaliei. O paciente se “auto-diagnosticou” e me informou o procedimento a ser feito. Afinal de contas, todo mundo precisa remover um tártaro de vez em quando, não é mesmo?
Não, não é.
Eu tenho um defeito: eu não acredito nos meus pacientes, sou meio São Tomé. Se alguém me liga e me pergunta quanto custa pra fazer uma dentadura, por exemplo, eu não acredito que a pessoa precisa de dentadura. Eu quero conferir. Se um curioso quer saber quanto eu cobro num clareamento, eu só conto depois de verificar se ele está apto a fazer um. Sou muito desconfiada… 😉
Claro que estou brincando. Não duvido da palavra dos meus pacientes nem acho que eles estão inventando coisas. Só que não posso acreditar neles sem examiná-los porque eles não têm conhecimento técnico para saber do que precisam. Eles podem querer um clareamento para deixar os dentes da frente branquinhos, mas têm um dente lá do fundo clamando por um tratamento de canal. Eles querem saber quanto custa uma dentadura, mas na verdade precisam de uma PPR ou de uma ponte fixa.
Então, caro paciente, não fique bravo se a secretária não informar o “preço” via telefone e insistir que você precisa agendar uma avaliação. Ela foi orientada, pelo dentista, a fazer isso. E não é por preciosismo, esse cuidado tem um motivo: você sabe o que quer mas não sabe do que precisa. Talvez você não precise daquilo que quer, e muitas vezes quer deixar pra depois aquilo do que realmente precisa. (quem se perdeu levante a mão o/) 😀
“Ô doutora… mas vou ter que pagar uma consulta só para você olhar? Eu quero é saber o preço!”
Não, claro que não! Olhar, eu olho de graça. Eu cobro é para diagnosticar o que você tem (se é que tem) e planejar seu tratamento, do começo ao fim. Imagine se eu cobraria só pra dar uma olhadinha… 🙂
3 comentários
Que neném mal encarado! Parabéns pelo texto – Uma vez um paciente meu disse que havia se curado do diabetes, por meio da oração e do senhor Jesus Cristo. Eu falei para ele que não há nada errado em a gente acreditar, mas se está curado mesmo, que trouxesse o exame de sangue. Sua glicemia estava acima de 300 no dia em que trouxe o exame.
Pros médicos os pacientes não falam isso: doutor, quanto vc me cobra pra diagnosticar minha diabetes???
Ah vá!!!
Esse mercantilismo na odontologia me deixa com muita raiva…
Exatamente, olhar é de graça. O preço é pra custear parte do investimento e saber exatamente o que precisa ser feito.
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