Paralisia facial (paralisia de Bell)

A paralisia facial (paralisia de Bell, paralisia hemifacial ou paralisia facial periférica) é uma condição que afeta o nervo facial, causando uma série de sintomas resultantes da inabilidade de controlar os músculos do rosto do lado afetado. Até Airton Senna – e mais recentemente Angelina Jolie – passaram por isso! Acontece.

Quais os sintomas?

Basicamente, a perda repentina dos movimentos de um lado só da face. O nervos cranianos se dispõem em pares (o nervo facial é o VII par), então são 2 nervos faciais, na verdade. Cada um deles inerva um lado do rosto, por isso a paralisia costuma ser unilateral. Pode acontecer nos dois lados? Pode, mas é mais raro.

Paralisia de Bell

Como os músculos não funcionam, ocorre a ausência de enrugamento da testa, incapacidade de fechar o olho e o canto do lábio pode ficar “caído”, causando assimetria facial. Outros sintomas que podem estar presentes, mas com menos frequência: dor perto da orelha, comprometimento do paladar em parte da língua, hipersensibilidade auditiva, dor de cabeça e de ouvido, “olho seco” e “boca seca“. A pessoa pode ter dificuldade para assoprar, assobiar e conter líquidos na boca.

O que causa a paralisia facial?

Existem vários motivos para que ocorra a paralisia unilateral repentina dos músculos da face, mas nem sempre a causa é identificada, sendo que o diagnóstico é essencialmente clínico. Geralmente ocorre um processo inflamatório no nervo facial, que “incha” e acaba ficando comprimido, o que altera a transmissão dos impulsos nervosos para os músculos responsáveis pelos movimentos da face. Como consequência, a metade do rosto inervada pelo nervo afetado para de funcionar temporariamente.

Estudos sugerem que a paralisia de Bell (uma homenagem a Charles Bell, cirurgião e anatomista escocês que descreveu essa condição pela primeira vez), pode ter relação com a infecção do nervo facial por bactérias (como na doença de Lyme) ou vírus (vírus do herpes, herpes zóster, Epstein-Barr, citomegalovírus, adenovírus, vírus da rubéola e da gripe).

Outras possíveis causas: estresse, mudanças bruscas de temperatura, baixa da imunidade, tumores e traumas, distúrbios na glândula parótida e otite média.

Pessoa acometida por paralisia facial do lado esquerdo
Pessoa acometida por paralisia facial do lado esquerdo

Qual o tratamento?

Não existe um tratamento padrão, porque o tratamento depende da causa, e a causa da paralisia de Bell nem sempre é determinada. Então o tratamento tem foco nos sintomas.

Pode incluir medicamentos (anti-inflamatórios, antibióticos, antivirais), fisioterapia e fonoterapia. Não há evidências de que a cirurgia para a descompressão do nervo facial seja vantajosa. Já a aplicação de botox pode promover o relaxamento muscular e evitar contraturas e espasmos involuntários.

Importante: como o paciente não consegue fechar o olho, é essencial que haja uma atenção especial com o olho do lado acometido. O uso de tampões e/ou colírios lubrificantes pode estar indicado, já que o “olho seco” pode levar a problemas sérios na córnea.

O prognóstico é bom. A maioria dos pacientes se recupera em até 6 meses, mesmo sem nenhum tratamento. Mas o tratamento precoce, é claro, costuma acelerar a recuperação.

Procure ajuda!

A incidência anual da paralisia de Bell é de cerca de 20 / 100.000 pessoas. Ou seja, é incomum, e acontece mais com gestantes e diabéticos.

Se acontecer com você, procure um médico ou cirurgião-dentista o mais rápido possível. Não é grave, mas as consequências funcionais e estéticas são bem chatas e, quanto antes o tratamento for iniciado, maiores as chances de uma recuperação rápida e completa. 😉

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Categoria: Diagnóstico Bucal

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4 comentários

  1. Boa tarde dra.
    Minha pergunta não é sobre o post, mas se puder me responder eu agradeço. Fiz um implante há 1 ano e agora a coroa não está firme, fiz uma panorâmica há 1 mês e segundo a dentista tive uma perda óssea, mas estava tudo certo com implante (essa radiografia foi antes do dente ficar mole), não sinto incômodo algum, será que pode ser a coroa que está soltando ou o implante por causa da perda óssea?

    1. Neila, pode ser as 2 coisas. Como o implante foi avaliado há pouco mais de um mês, é provável que seja só a coroa. Nesse caso é mais fácil de resolver. Já se for o implante, complica… aí a perda óssea deve ter aumentado, e pode ser que o implante não seja mais viável. É questão de reavaliar junto ao seu dentista pra ver o que está acontecendo.

  2. Dra. Ana, boa tarde.

    Eu gostaria de colocar aparelho ortodôntico por questões estéticas, meu palato é estreito e meus dentes são muito juntos, porém tenho restaurações bem grandes em todos os primeiros molares, nesse caso, é contraindicado? Devo trocar todas essas restaurações (que são de resina e amálgama) por peças de porcelana?

    1. Não Amanda, essas restaurações não contraindicam o uso de aparelho ortodôntico. Procure um ortodontista pra avaliar.

A área de comentários / perguntas está fechada. Agradeço a compreensão.

No plantão: Ana Tokus

Cirurgiã-dentista graduada pela Universidade Federal do Paraná, especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia pela ABO-PR, convicta de que medo de dentista se combate (também) com informação. Diva-Boss do OdontoDivas e autora do Blog Raios Xis. Twitter: @AnaTokus e @medodedentista