Pesquisadores brasileiros da Universidade de São Paulo estão desenvolvendo uma nova técnica anestésica que pode substituir a anestesia tradicional, com agulha. A técnica se utiliza de uma pequena corrente elétrica, indolor, para ampliar o efeito anestésico local. A equipe que trabalha na pesquisa descreve os resultados como “de ação rápida e de longa duração” em testes com animais.
O anestésico tópico (geralmente lidocaína ou prilocaína), conhecido como “pomadinha”, aplicado na forma de um hidrogel, pomada ou spray, costuma ser usado pelo dentista para anestesiar a gengiva superficialmente, de forma que o paciente não sinta a introdução da agulha gengival. A ideia dos pesquisadores é eliminar a necessidade de injetar o anestésico com uma agulha, potencializando sua ação através de um processo chamado iontoforese, em que um campo elétrico difunde os íons do anestésico na gengiva / mucosa. Nos testes realizados até o momento, observou-se que a permeação do cloridrato de prilocaína no tecido foi 12 vezes maior com a estimulação elétrica. O efeito anestésico não só teve ação rápida, como também longa duração.
As vantagens da eliminação da agulha vão desde incentivar os pacientes que têm medo de dentista a agendar uma consulta até a economia de material e a redução do risco de contaminação cruzada. De acordo com a Prof. Renata Fonseca Vianna Lopez, “a administração de fármacos sem o uso de agulha pode poupar custos, melhorar a adesão do paciente ao tratamento e diminuir os riscos de intoxicação e contaminação. Isso facilita o acesso a tratamentos dentários mais eficazes e seguros para milhares de pessoas ao redor do mundo”.
O próximo passo é testar a técnica em seres humanos. Além da anestesia odontológica, essa tecnologia é altamente promissora em outras áreas da medicina, como no tratamento do câncer, por exemplo.
Leia o artigo na íntegra (em inglês): Needle-free buccal anesthesia using iontophoresis and amino amide salts combined in a mucoadhesive formulation
Com base no original: Electricity instead of needles at the dentist?
18 comentários
Olá Dra, lendo esse texto me veio uma dúvida, já fiz vários tratamentos e a dentista sempre aplica anestesia na parte da bochecha em baixo, nunca aplica na gengiva, o efeito é o mesmo? Ou é melhor quando se aplica na gengiva? Obrigada!
Camila, a anestesia pode ser no local do dente ou do tipo troncular, quando se anestesia o nervo lá no começo dele, então tudo o que suas ramificações inervam fica anestesiado também. A anestesia que você recebeu deve ter sido a troncular. O tipo de anestia para cada caso depende da avaliação do dentista, geralmente em dentes de cima pode-se anestesiar só o local e em dentes de baixo se anestesia o nervo inteiro (metade da boca fica dormente).
Olá, Dra. Ana! Tenho 38 anos, 1m84 e 90kg. Minhas taxas de triglicerideos estão bem altas, 3 vezes mais do que deveriam estar, e o colesterol um pouco acima do limite. Seria mais seguro baixar esses níveis antes de realizar procedimentos dentários com anestesia? Pergunto isso pelo vasoconstritor que contém na anestesia e se pode haver riscos, já que meu sangue deve estar denso por causa dessas taxas. Não sei se no caso de uma injeção intravascular seria mais arriscado para o coração.
Henry, não, o fato da sua taxa de triglicerídeos estar alta não interfere de forma direta no tratamento dentário ou na anestesia. Mas se posso dar um conselho, procure um médico (se já não o fez) pra tratar isso, pois o excesso de triglicerídeos no sangue está associado à deposição de gordura nos vasos e aterosclerose, aumentando o risco de doenças cardiovasculares.
Obrigado, Doutora Ana!
Foi isso que quis dizer mesmo, pelo risco do depósito de gordura nos vasos e uma injeção anestésica acidental intravascular, contribuindo para estreitamento de possíveis vasos já comprometidos. Mas acho que já estou falando bobagem. De qualquer maneira, fiz sim check-up com cardiologista que constatou essas alterações no sangue.
Melhor tratar o quanto antes.
Mais uma vez, muito obrigado, Dra. Ana!
Parabéns e sucesso, sempre!
🙂 Cuide-se!
Dra. a anestesia tem um local exato pra ser aplicada ou qualquer local da boca é válido?
Minha dúvida se dá pelo fato de que, ha alguns meses, precisei fazer uma limpeza profunda para remoção de cárie. Porém senti muita dor e meu dentista preferiu aplicar a anestesia. Dai com algumas semanas eu senti o lado da minha boca completamente dormente e inchada. Toquei a boca e senti um carocinho exatamente no local da aplicação. Isso é normal? Porque acontece? Aconteceu também com minha mãe. Ela tem um cisto no local.
O local de aplicação da anestesia depende da técnica anestésica que está sendo usada, Maria Eduarda. Não é em qualquer lugar, e ela pode ser local, troncular (quando se anestesia a “raiz” do nervo), etc.. O “carocinho” é só um edema (inchaço) por causa da punção da agulha. Acontece.
Ola Dra. Ana, tenho 16 anos e tinha ainda um dente de leite (pré-molar superior), ha 2 dias eu tive que arrancar-lo pois ele tinha quebrado, e agora os dois dentes que estavam do lado dele estão meio moles e sensíveis, isso é normal? Meu dente tem perigo de cair? E também está aparecendo uma manchinha branca em volta dos pontos, é inflamação?
Gabriella, esses são sintomas comuns após a extração de um dente. Os dentes ao lado podem ficar doloridos e a gengiva com um aspecto esbraquiçado. Em princípio, tudo ok.
Oi, fiz um tratamento de canal há mais ou menos dois anos. Há algum tempo esse dente trincou, e há alguns dias comecei a sentir um desconforto, mas nada absurdo. Então três dias atrás a gengiva ao redor amanheceu super inchada e dolorida, não consigo escovar o local, nem passar fio dental. Gostaria de saber o que pode ter acontecido.
Dayane, pode ser uma gengivite marginal, ou pode ser que a fratura tenha atingido a raiz do seu dente, o que é bem mais sério. Procure um dentista pra avaliar assim que possível.
Dra. Ana, apareceu uma fístula na gengiva superior, entre dois dentes centrais. Foi tratado o canal de um, porem após uma semana a fístula voltou… O canal do outro já havia sido tratado há varios anos, porem o rx mostrou excesso de material na ponta da raiz. O dentista alegou que a fístula poderia ser deste material que agora estava provocando a inflamação. Como ele não fazia cirurgia, fui a outro dentista, que no momento descartou esta hipótese, e está retratando o canal anterior, recentemente tratado. Já se vão mais de dois meses de tratamento, tomei dois tipos de antibiotíco receitados, e nada da fístula desaparecer. O atual dentista até já acha de que deve tirar aquele excesso do dente ao lado, atraves de cirurgia, mas fico com medo, pois o raio x não mostrou infecção neste local, e a agulhinha introduzida na gengiva não indicava este local. Este ultimo dentista que está retratando o canal é “especialista em endodontia”.
Por oportuno, uma última dúvida que comentei ao dentista, porem ele nao levou em consideração, ou seja, que na primeira ou segunda vez que a fístula estourou veio junto ao pus um pequenino objeto, do tamanho de uma cabeça de alfinete, de cor azul ou verde (parece), tipo de plastico (seria parte do excesso do material do tratamento do canal antigo, ou como vi há poucos dias num artigo no facebook, residuos de substancias abrasivas usadas na composição dos cremes dentais (branqueadores), que acabam provocando inflamaçoes na gengiva e, neste caso, como tratar? Aguardo com atenção sua abalizada opinião.
Hermes, esse material que você descreve não remete a nada que seja usado na obturação… suspeito que realmente possa ser um resíduo da pasta de dente que já estava na sua boca e que se misturou ao pus quando o abscesso drenou. A apicectomia é uma cirurgia muitas vezes necessária pra eliminar a infecção, quando a lesão não desaparece no tratamento / retratamento de canal. Então, é uma opção válida.
Quanto tempo dura uma restauração profunda em resina? Como posso saber que devo trocar uma restauração? Obrigado pelo espaço.
Jailson, sobre esse assunto eu falo mais especificamente aqui –> https://medodedentista.com.br/2015/12/quanto-tempo-dura-uma-restauracao.html
Olá Dra. Ana, há aproximadamente 3 semanas fiz uma restauração interproximal entre o 25 e 26, sendo que apenas o 26 estava cariado. Como era de difícil visão eu demorei para detectar e a cárie ficou grande, mas não chegou a ser canal. Tenho sentido sensibilidade a pressão, bem leve, mas sinto, e mesmo após 3 semanas ainda não passou, diria que diminuiu 20%. Não sinto sensibilidade a bebida quente ou fria, nem um pouco, somente esta sensibilidade a pressão que é de forma branda, quase não incomoda na mastigação e só sinto ela quando mordo alimentos sólidos e bem em cima da restauração.
Parece ser só um incômodo passageiro, Pedro. A tendência é isso se resolver com o passar dos dias.
A área de comentários / perguntas está fechada. Agradeço a compreensão.