Você já está careca de saber que fumar faz mal, e faz mal de várias maneiras. Mas eu não sou sua mãe 😉 e este post não tem como objetivo principal fazer você parar de fumar… pelo menos não se você não tem nenhum problema periodontal. O que eu quero é que você que tem periodontite entenda o quanto fumar complica a sua vida.
A doença periodontal ADORA cigarro. O hábito de fumar está para a periodontite como o açúcar para a formiga. Quem fuma tem muito mais chances de desenvolver a doença, porque o consumo do cigarro cria as condições ideais pra que a periodontite se estabeleça.
Já falei sobre a doença periodontal várias vezes aqui no blog, mas não custa relembrar. Ela aparece quando a escovação deficiente leva ao acúmulo de placa bacteriana (aquele “áspero” que fica nos dentes depois que a gente come). Nesse estágio, o que se manifesta é a gengivite, que é a inflamação da gengiva. A placa bacteriana, quando não removida com frequência, “endurece” e toma a forma de pedrinhas que se aderem aos dentes, primeiramente por fora da gengiva e depois por dentro dela: esse é o tártaro. Quando existe muito tártaro por baixo da gengiva, ele estimula a formação de bolsas periodontais, e o osso que está em volta do dente para segurá-lo vai sendo destruído. Resultado: o dente fica mole e, quando não cai sozinho, precisa ser extraído.
E o que é que o cigarro tem a ver com isso? Basicamente, ele potencializa tudo o que eu disse acima. O hábito de fumar diminui a vascularização (porque faz os vasos sanguíneos ficarem mais estreitos), altera a resposta inflamatória e imunológica do nosso organismo, proporciona bolsas periodontais mais profundas e, talvez o pior problema até aqui, interfere na cicatrização e cura da sua gengiva após um tratamento periodontal. O dentista raspa, raspa e raspa, tira tártaro até de onde não tem, e a sua gengiva não melhora nunca.
O vídeo a seguir explica direitinho a relação entre o cigarro e a doença periodontal. Ele é narrado em inglês, mas eu acrescentei legendas em português. Por nada, disponha sempre ;). Veja:
Ou assista aqui
Portanto, fica a dica: se você tem problemas gengivais e/ou periodontais, parar de fumar vai ajudar bastante no tratamento. Se aliado ao abandono desse vício houver o desenvolvimento de novos hábitos de higiene, seguindo à risca as orientações do seu dentista, a chance de salvar os seus dentes cresce exponencialmente. Mas se não der pra parar de fumar ou se você não estiver tendo tempo de caprichar na escovação, por questão de garantia vá guardando o dinheiro pras dentaduras. Sério mesmo.
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4 comentários
Excelente artigo, obrigado.
Filha de agricultores do interior de Caxias do Sul, eu não tinha medo de dentista, mas até os anos 70 eu não frequentava consultórios dentários por carência monetária. Só podia ir no Posto de Saúde quando estava com dor insuportável e o dente era na verdade uma “panela”, como se dizia na época. Lá eles só faziam extrações. Então a minha boca foi ficando com “porteiras”. Quando nos mudamos para a cidade e eu comecei a trabalhar e ganhar meu salário mínimo, então busquei o dentista do bairro e passei a colocar próteses e tratar as cáries. Naqueles tempos tudo era muito dolorido, mas nem assim eu tinha medo. Foi bem depois quando casei e minha situação melhorou é que fui procurar dentista mais conceituado e me ferrei total. Ele não me viu como pessoa, mas como fonte de renda! Resolveu fazer mil coisas na minha boca, inclusive me indicou o namorado da filha dele, recém formado, para fazer implantes. O implante foi colocado muito fundo e o lado esquerdo da minha face ficou com parestesia. Até hoje eu babo, preciso repetir muitas palavras porque as pessoas não entendem o que eu digo, me doi o ouvido e tenho incotáveis sequelas. Ajuizei ação indenizatória e não obtive sucesso. A radiologista que foi depor disse que o que aparece no exame é culpa minha por ter me mexido na hora do rx. O perito nomeado para me examinar é colega de faculdade do réu. Dai o laudo foi todo desfavorável a mim. Perdi a confiança em dentistas. Perdi a fé na Justiça. Hoje tenho em casa muitos instrumentos que são utilizados por dentistas e eu mesma faço a revisão bucal, retiro algum tártaro que encontre e mantenho a minha boca saudável por conta própria. Em decorrência de tudo a minha família está também se auto tratando. Meu irmão até faz revisão nos filhos e na esposa. Eu também pedi que examinasse a minha boca. Nos tornamos dentistas autodidatas. Lemos, estudamos, compramos o necessários para termos boca saudável. Dentistas… nunca mais! Não que estejamos assolados pelo medo, estamos apavorados pela desonestidade, incompetência e corporativismo. Fica difícil não generalizar em razão de não estar escrito na teste dos profissionais se são ou não honestos. Na dúvida… mantemos distância!
Carmelinda, embora eu compreenda todo o sofrimento que você tem passado e entenda que, pra você, é difícil não generalizar, fugir de todo e qualquer dentista pelo resto da vida não vai trazer sua saúde de volta. Você foi enganada por PESSOAS desonestas, e não por dentistas desonestos, entende? Índole é algo intrínseco à pessoa, ou se tem ou não se tem, independe da profissão em que ela atua.
Acho muito perigoso e ineficaz o auto-tratamento que você e sua família vêm fazendo uns nos outros. Isso porque vocês não têm conhecimento técnico muito menos científico pra isso. Quando uma cárie é enorme, fica até fácil de enxergá-la… mas muitas cáries são de difícil detecção, um pontinho por fora e enormes por dentro. E, “diagnosticando-se” a cárie, vocês a tratam como? Fora os demais problemas bucais que existem… canal, gengivite, periodontite, etc.. É importante sim o paciente assumir pra si a responsabilidade por sua saúde bucal, agindo de forma preventiva e se esmerando na higienização diária. Mas o acompanhamento de um dentista é essencial, não é opcional.
Na minha opinião, se me permite emiti-la, vocês precisam de um profissional decente! Manter distância não soluciona o problema e os únicos prejudicados são vocês mesmos.
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