Cara! Meu dentista vira monstro!

“Senti um friozinho na barriga quando entrei no consultório. Todo mundo sente, né?! Mas nunca pensei que arrancar um dente de leite fosse me trazer tantos momentos de terror. Eu? Medroso? É que você não conhece o Dr. Jeckyll, meu novo dentista”. Quem lê a contracapa do livro Cara! Meu dentista vira monstro! de Dan Greenburg (traduzido para o português pela Editora Ática, 2000) leva um susto. Como assim?

Bom, pra saber “como assim”, só lendo. Achei um exemplar num sebo aqui perto de casa e comprei. O livro faz parte da coleção Arquivo Z, uma série de publicações infanto-juvenis que tem como personagem principal o menino Zaca (por isso o Z). Zaca é famoso por só se meter em fria… e os livretos contam cada uma das suas aventuras… surreais. Teve uma vez que o bisavô dele virou um gato, noutra ocasião ele deu de cara com um clone seu dentro do armário do banheiro e, certa vez, pasmem: um fantasma chamado Wanda bagunçou o seu apartamento.

Pelas situações que eu citei, já dá pra imaginar que coisa boa não ia acontecer no consultório do dentista, né?! Vou tentar resumir pra vocês sem fazer muito spoiler…

Zaca não tem medo de dentista (começou bem). Ele precisa extrair um dente de leite, mas o seu antigo dentista se aposentou. Acompanhado por seu pai, ele procura o Dr. Sheldon Jeckyll (uma clara alusão à história de O Médico e o Monstro). Já sentado na cadeira do seu novo dentista (que tem a maior cara de bonzinho. Mesmo.), Zaca é sedado com “nitrato de óxido”. Sim, tava escrito assim… um furo absurdo da tradução (só esclarecendo aos leigos: o gás do dentista é o óxido nitroso, que muita gente chama de “gás hilariante”).

Tudo corre bem durante a extração. Mas em determinado momento o Dr. Jeckyll fica meio estranho. Zaca acredita ser efeito do gás e acha engraçado. O homem começa a suar, sua cara fica roxa, suas unhas e dentes crescem. Percebendo que está alterado, o doutor pega uma garrafa da prateleira, vira num só gole e volta ao normal. Pede desculpas pelo ocorrido e oferece ao menino o mesmo líquido, o que ele chama de” enxaguante bucal milagroso”. Quando Zaca cospe o negócio, o dentista lhe dá uma bronca e diz que o tal enxaguante é de beber (WHAT?). Pois é.

Claro, o líquido não é um enxaguante bucal, e sim uma fórmula na qual o Dr. Jeckyll vem trabalhando com a intenção de criar um super elixir que desentorta dentes sem a necessidade de usar aparelho! Sim, senhores ortodontistas, ele planeja eliminar os bráquetes e a mecânica ortodôntica e, com isso, espera ficar famoso e ganhar um programa na televisão (sério mesmo, isso tá escrito no livro). 😉

Bom, já contei demais. Se você quiser saber como termina essa história, leia o livro.

O que eu achei? Inofensivo. Confesso que pelo teor da sinopse esperava coisa pior mas, na verdade, dei umas boas risadas. Tem uns furos sim, informações imprecisas, mas convenhamos: é só entretenimento. Não acho que esse livro seja prejudicial a quem tem medo de dentista ou promova um reforço de estereótipo. É só uma história descontraída que aconteceu (ou não) num consultório odontológico.

Ah, o título do livro em inglês é: Dr. Jeckyll, Orthodontist. 😉

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