Acabei de assistir na íntegra a reportagem do Fantástico sobre a fraude protagonizada por profissionais da área médica e odontológica na capital e no interior de São Paulo. Mas podia ser em qualquer outro lugar, não faz diferença. Dinheiro público usado em benefício próprio.
Pra quem não assistiu, a história é a seguinte: de um lado, vários médicos e dentistas recebendo por plantões aos quais nunca compareceram. Do outro, milhares de pacientes sem atendimento médico e odontológico por “falta de profissionais e de recursos”. É sempre esse o motivo oficial, pelo menos.
Algo que é público pertence à coletividade. Mas quando o assunto é dinheiro, tem gente que confunde, digamos assim, o significado do termo. “Público”, para alguns espertalhões (e não são poucos) é exatamente o oposto: é o que não é de ninguém. E se não é de ninguém, qual o problema de pegar um pouquinho pra mim? Alie-se a essa lógica deturpada uma boa dose de inconsequência e, voilà. Inconsequência que mata.
Mata a velhinha que aguarda 3 meses na fila por uma consulta pela qual não poderia esperar nem 3 horas.
Mata o senhor que nunca atrasou uma conta na vida e, quando precisou daquele remédio de preço proibitivo que o SUS fornece, o SUS não fornecia. Teve que entrar na justiça para obter aquilo que, de forma muito clara, na lei, era seu direito. Quando a justiça decidiu, já nem adiantava mais. Morto não toma remédio.
Mata a criança que arde em febre num corredor abarrotado de gente indignada com o tratamento que recebe, mas que na próxima eleição vai trocar seu voto por um par de dentaduras. De novo.
Enfim… é desconcertante a incoerência de gente que se forma em qualquer profissão da área da saúde e faz um papelão desses exibido na reportagem. Porque não é só uma questão de desvio de recursos, mas de pessoas que morrem diariamente por não receberem atendimento básico em saúde com a justificativa de que “não há verba”. Isso é homicídio! Caros “doutores”, espero que além da pena severa que devem cumprir (espera-se), seja exigido de vocês a devolução da verba pública da qual se apropriaram. Porque as vidas que vocês ceifaram por puro descaso, infelizmente, não voltam mais.
Se ainda tiver estômago, assista à reportagem:
Veja também:
Fraude Odontológica – Dentistas Fantasmas no Vida de Dentista
Uma Questão de Consciência e Caráter – Receber Sem Trabalhar no OdontoDivas
3 comentários
É Simplesmente R.E.V.O.L.T.A.N.T.E…
Triste…
na charge deveria ser incluída : “falta vergonha profissional”
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