Enxaguante bucal ajuda a proteger do coronavírus?

Segundo pesquisadores da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, pode ser que sim!

Eles descobriram que há “sinais promissores” de que os bochechos com enxaguantes bucais à base de cloreto de cetilperidínio (CPC) podem ajudar a destruir o coronavírus. Produtos contendo pelo menos 0,07% de CPC se mostraram capazes de erradicar o vírus em testes de laboratório.

O CPC é um componente relativamente comum nos enxaguantes bucais. Se você tem o hábito de fazer bochechos diariamente, talvez isso tenha ajudado você a se proteger da COVID até agora. Mas é importante lembrar que, embora a publicidade enfatize que se deve usar enxaguante bucal diariamente, sempre após as escovações, isso não é verdade! Explico.

Os enxaguantes bucais matam bactérias. Isso é verdade. Há vários tipos deles. Quando você ouve por aí que tal bochecho é capaz de eliminar 99,9% das bactérias, provavelmente não é mentira. O problema é que eliminar tantas bactérias assim não é desejável, já que a grande maioria delas faz parte da flora bucal normal, a gente precisa delas! A presença delas mantém as coisas em equilíbrio, o que ajuda a prevenir doenças. Então morrem as bactérias más, e junto vão as boas.

Então vamos com calma, ok?

Voltando ao estudo. Embora a pesquisa ainda não tenha sido revisada por pares (o estudo acabou de ser foi submetido para publicação em uma revista científica) suas conclusões sustentam a de outro estudo recente que constatou que os bochechos com CPC são eficazes na redução da carga viral. Isso é bom? É ótimo. Reduzir a carga viral tem tudo a ver com pegar (ou passar) uma forma mais branda ou grave da COVID.

Segundo David Thomas, professor e diretor do Programa de Treinamento Acadêmico Integrado em Odontologia da Faculdade de Odontologia da universidade, os resultados iniciais foram animadores, mas o ensaio clínico não produz evidências de como prevenir a transmissão entre pacientes. “Embora esses enxaguantes bucais erradiquem o vírus de maneira muito eficaz em laboratório, precisamos ver se eles funcionam em pacientes e este é o ponto de nosso estudo clínico em andamento”, diz.

Embora a pesquisa sugira que esses enxaguantes possam eliminar o coronavírus na saliva, não há evidências que apoiem o seu uso no tratamento da COVID, uma vez que não há contato com o trato respiratório ou os pulmões.

Então, não é pra sair por aí “bebendo” enxaguante bucal, galera! Bochecho não é remédio pra COVID, tem efeitos colaterais e serve mais pra proteger o outro do que a nós mesmos. Até que venha a vacina, continuam valendo as medidas de prevenção já conhecidas: máscara, lavagem das mãos e distanciamento social.

Via BBC Brasil

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Categoria: Farmacologia

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No plantão: Ana Tokus

Cirurgiã-dentista graduada pela Universidade Federal do Paraná, especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia pela ABO-PR, convicta de que medo de dentista se combate (também) com informação. Diva-Boss do OdontoDivas e autora do Blog Raios Xis. Twitter: @AnaTokus e @medodedentista