Chega de “Motorzinho”: O Laser de Érbio

Cheguei a comentar no post sobre o motorzinho do dentista que ja é possível remover uma cárie sem usar o temido e barulhento armamento instrumento. Geralmente usado em crianças, pode-se recorrer ao gel de papaína, o “papa-cárie”, para remover pequenas lesões cariosas. Ainda, existem pesquisas sólidas no desenvolvimento de jatos abrasivos com o mesmo fim. Mas hoje quero falar do que anda na moda na cadeira do dentista: o laser.

Hoje em dia se usa o laser pra tudo na Odontologia: pra clarear os dentes, como dessensibilizante dentinário (para deixar o dente menos sensível), para fazer diagnóstico precoce de cárie… até escova de dentes a laser já tem! Era mais do que esperado que se desenvolvesse um meio de remover cáries com o laser. Neste ponto eu tenho 2 notícias pra te dar. Quer primeiro a boa ou a ruim? Ok, a boa…

A tortura está com os dias contados! O “Laser de Érbio” (Erbium Laser) é um laser de alta potência, produzido a partir do elemento químico Érbio. Esse tipo de luz atua muito bem sobre tecidos duros, caso do esmalte e da dentina, tecidos que formam os dentes. Quando o laser os atinge ocorre a produção de calor, o que elimina o tecido cariado e mata as bactérias presentes na cavidade. Ou seja, essa técnica proporciona uma espécie de “esterilização” do tecido circundante, diminuindo a probabilidade de novas cáries no dente tratado, já que a cárie é resultado da ação de restos metabólicos bacterianos.

As vantagens do uso da técnica, para quem tem medo de enfrentar o motorzinho, são animadoras: é o fim daquele barulhinho agudo, som ambiente das salas de espera dos consultórios odontológicos. Ainda, o laser proporciona uma remoção tecidual muito precisa e restrita ao necessário. Nada de preparos extensos (se essa não for a intenção). E, o melhor: na maioria dos casos a sensibilidade dolorosa é diminuída, pois as emissões são tão rápidas que as terminações nervosas do paciente não têm tempo de reagir. Em 95% dos casos, não há necessidade de anestesia (dados do fabricante, é claro). 🙂

Essa tecnologia pode ser usada em outros procedimentos também, não só para remover cáries. Pode-se realizar aberturas endodônticas, preparos para prótese, despigmentação de gengivas, remoção de lesões, frenectomias e outras cirurgias gengivais e de tecidos moles.

As desvantagens? O laser não se aplica a todos os casos. Para alguns procedimentos mais extensos, a broca ainda é a melhor opção (para o dentista, é claro) :). Fica a critério do profissional a decisão quanto ao método a ser usado em cada caso. Outra: o custo do equipamento é alto. Ou seja, o valor do tratamento para o paciente é, inevitavelmente, mais caro. É o preço da felicidade! 🙂

Ah, é! A notícia ruim! Que não chega a ser “ruim”, mas desanima os mais afoitos…. O uso do laser nos consultórios odontológicos começou na década de 80 (*). Há quase 30 anos. o.o A Revista Veja veiculou uma reportagem, datada de 24 de março de 1999, em que decretava o fim da tortura no dentista. E lá se vão mais de 11 anos. Como você pode notar, o motorzinho segue firme.

(*) Equipamentos à base de gás carbônico e neodímio. Eles atingiam temperaturas muito altas, só eram usados em tecidos moles (gengiva e mucosas). O Laser de Érbio é refrigerado com água e ar, e a temperatura durante o procedimento não passa dos 40oC.

Comentários via Facebook