A Síndrome de Down na Cadeira do Dentista

A Síndrome de Down é uma alteração genética na qual em vez do par de cromossomos 21 ser efetivamente um  par, é um trio (ou quase um trio, havendo apenas parte de um terceiro cromossomo). Por isso é também conhecida como “trissomia do cromossomo 21”. O Dia Internacional da Síndrome de Down é 21 de março (21 do 3, sacou?).

É uma condição bem conhecida da população em geral, assunto que já foi tratado até em novela (mais de uma vez). Nem preciso explicar muito os sinais e sintomas que ela impõe aos que a portam. Alguns deles, inclusive, podem ser vistos em pessoas geneticamente normais. Os mais comuns são a prega palmar transversa (uma só em vez de duas), olhos de formato característico (amendoados), tônus muscular pobre e língua protrusa. 1 em cada 650 bebês nascidos vivos são portadores da Síndrome de Down.

Cuti Cuti!

O atendimento odontológico dos portadores da síndrome deve levar em conta as características particulares desse grupo. A macroglossia (“língua grande”) é comum, embora nem sempre se trate de uma macroglossia verdadeira, mas de uma cavidade bucal pequena. É comum que o paciente Down mantenha a boca aberta na maior parte do tempo, isso pela obstrução das vias aéreas, porque apresentam nasofaringes estreitas e amígdalas grandes. Sendo, na maioria, respiradores bucais, podem apresentar boca seca, lábios e língua fissurados e palato atrésico (céu da boca mais estreito que o normal).

Com relação às doenças bucais, há uma predisposição ao desenvolvimento de periodontite. Como esses pacientes podem apresentar alguma dificuldade em fazer uma correta higienização, é importante que os pais, familiares ou responsáveis mantenham-se alerta, auxiliando nesse sentido. O interessante é que, mesmo assim, não parece haver uma maior incidência de cárie nos portadores.

A sequência em que os dentes desses pacientes nascem costuma se alterar, e na maioria dos casos há um atraso. Seus dentes podem ser menores que o normal (microdontia) ou terem malformações associadas. Os problemas ortodônticos são muitos comuns, como apinhamento e mordida cruzada anteriores (nos dentes da frente), além de mordida cruzada posterior (nos dentes de trás).

Para a família, é essencial ressaltar a importância de agir de forma preventiva. Evitar a instalação de problemas bucais (ou intervir de forma precoce) é o melhor caminho. Se esse é um conselho que vale para qualquer paciente, é ainda mais contundente para os pacientes que têm Síndrome de Down. Além disso, muito amor, respeito e compreensão são fundamentais.

Lembram do comercial do Carlinhos criado pela agência DM9DDB em 1998? É, aquele da música Fake Plastic Tree do Radiohead? Pois é… eu, depois que vi, nunca mais consegui tirar da cabeça…


Ou assista aqui: http://youtu.be/hmdmfWQW4ig

“Os portadores da Síndrome de Down só precisam do seu respeito”.

 

Outros posts sobre o assunto:

21 de Março – Dia Internacional da Síndrome de Down no OdontoDivas

Entrevista com a Dra. Maria Cristina Duarte Ferreira no Sofá do Dentista

Odontologia Especial no Vida de Dentista

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Categoria: Genética

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5 comentários

  1. Boa tarde! Estou a fazer uma tese sobre Sindrome de Down e Odontologia para terminar a minha licenciatura em medicina dentária, tenho-me deparado com imensa dificuldade em encontar artigos científicos e até mesmo livros relacionados com o tema, para meu espanto pois é um assunto bastante conhecido até pela população em geral.
    Gostei muito da página.

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No plantão: Ana Tokus

Cirurgiã-dentista graduada pela Universidade Federal do Paraná, especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia pela ABO-PR, convicta de que medo de dentista se combate (também) com informação. Diva-Boss do OdontoDivas e autora do Blog Raios Xis. Twitter: @AnaTokus e @medodedentista