Depois que a Internet virou realidade o que mais se vê é gente procurando orientação na área da saúde. Acho isso um sinal dos tempos, pois vivemos na era da informação, e a rede mundial proporciona exatamente isso: a oportunidade de compartilhar conhecimento (e um monte de bobagens também). Isso significa que não tem mais bobo não… as pessoas se informam antes de irem ao dentista. Até o mais leigo dos pacientes já chega no consultório com uma noção do problema que tem e da solução que precisa.
Conhecendo e reconhecendo essa nova realidade, é comum que médicos e dentistas respondam as dúvidas das pessoas pela Internet. O Pergunte ao Dentista e a área de comentários deste blog servem justamente para isso: para que os pacientes possam tirar suas dúvidas sobre os procedimentos odontológicos. Que fique claro: não se trata de “consulta” o que, via Internet, é impossível… embora muitas pessoas não entendam isso e se zanguem com o “dentista sem coração que não me disse o nome do remédio pra dor de dente“.
Mas dia desses alguém fez uma pergunta que me fez refletir sobre a forma como muitos pacientes enxergam o profissional de Odontologia, vulgo dentista ;). A pessoa fez uma pequena descrição do problema, que envolvia implantes, próteses, etc., e arrematou: “O que eu digo para o dentista fazer?”
(…)
Amigo: nada. Você não diz nada. Ele não precisa que você peça, mande, indique, sugira ou requisite qualquer tratamento. A informação que o seu dentista precisa para trabalhar está dentro da sua boca. E qualquer outra informação que lá não esteja e da qual ele precise, ele vai obter através de uma parte da consulta clínica chamada anamnese, que busca levantar dados sobre as condições da sua saúde, remédios que você toma, etc. ou através de exames complementares, como radiografias.
De onde vem esse tipo de comportamento… essa ideia de que o dentista está lá para realizar o tratamento que o paciente solicita? Acredito que, há algumas décadas (não muitas), a coisa funcionava assim mesmo. Aliás, a Odontologia da época dos nossos pais e avós consistia em extrair o dente que estava doendo. Acabados os dentes, era a hora da dentadura… e pronto.
Imagino o cidadão chegando no dentista e mandando arrancar o dito-cujo… e era assim que funcionava! Sem referencial nenhum de prevenção, de conforto para o paciente, de tratamento que mantivesse o dente na boca, da falta que um dente faz. E isso não acontecia porque os dentistas eram piores… mas porque a Odontologia que se conhecia era aquela. Enfim…
… hoje não é mais assim. Seu dentista não precisa de instruções para agir. Ressalto que é, sim, importantíssimo que você exponha a sua vontade, mas entenda: sua vontade nem sempre é soberana. Frases como “eu prefiro arrancar“ não servem mais hoje em dia. Por isso, na próxima vez que você entrar no consultório do seu dentista enxergue-o como ele é: um promotor de saúde. Ele é um profissional preparado para, antes de qualquer coisa, orientar você, visando a prevenção de problemas bucais. E quando os problemas já estão lá, ele é competente para avaliar e propor soluções que atendam seus desejos, caibam no seu bolso e, acima de tudo, priorizem sua saúde. Deixe que ele lhe diga o melhor a ser feito.
11 comentários
Ola,estou tentando ha alguns meses fazer tratamento de canal, mas chega na hora de realizar o procedimento sinto muito enjoo, o que pode estar acontecendo, existe algum metodo q diminua esse enjoo? Obrigada!
Cleidi, algumas pessoas têm enjoo quando o dentista “mexe” na boca, mesmo. Uma opção é realizar o atendimento sob sedação, o óxido nitroso (gás) é uma boa alternativa. Eu falo mais sobre isso aqui –> https://medodedentista.com.br/2010/09/analgesia-inalatoria-o-gas-do-dentista.html
Dra. Ana, eu precisava lhe fazer uma pergunta. Eu estou grávida de 17 semanas e na sexta—feira a minha dentista achou melhor eu arrancar um dente dos de trás, eu só posso tomar paracetamol, por causa da gravidez, e cada vez me dói mais a “gengiva” de onde o meu dente foi arrancado. Já reparei que a gengiva está a fechar, apenas tem um espaço pequeno no meio ainda aberto, mas tenho muitas dores, dores insuportáveis. Será normal ou melhor ir ao dentista de novo? (Tenho 19 anos, foi o primeiro dente de arranquei)
Dor insuportável nunca é normal, Daniela. É preciso voltar na sua dentista pra reavaliar.
Ótima postagem*–*
Show~
”A profissão do dentista é a mais completa, porque o dentista faz pontes como engenheiros, coroas como os floristas, extrai raízes como os matemáticos, perfura como os mineiros, faz esperar como as noivas, faz sofrer como os gerentes de bancos, mas faz você sorrir igual uma criança!”
Falou tudo, como é difícil por isso na cabeça de uns pacientes… No próximo teimoso que eu pegar vou mostrar este post.
Mas… como é que nós cirurgiões dentistas escapamos da seguinte pergunta?” Doutor,meus dentes necessitam de raspagem, mas ninguém do meu convenio quer me atender. Vou ter que extrai-los ou não?” Cá entre nós, os “planos de saúde” parecem ir contra o seu próprio objetivo, ou seja, voltar aos tempos antigos onde a idéia era morrer com a dentadura. Tambem, pagando 5 “real” a curetagem de uma bolsa. E o convenio diz que “cobre”.
Ótimo post Ana !!! Tomara que meus pacientes tomem conhecimento. 😀
Eu sempre deixo claro que sou responsável por dar ao paciente as informações tecnicas e cientificas para que, JUNTOS, decidamos o que fazer.
Sem dúvida, Celia. O melhor tratamento é aquele que considera a vontade do paciente, mas prioriza a saúde dele.
Nota 10! Aos pacientes que chegam ao consultório falando o que querem fazer vai a seguinte pergunta: em que ano você concluiu seu curso de odontologia? A não ser que você também seja um dentista. Sugestão para abordar o seu dentista: Doutor, o que você pode fazer de melhor para minha saúde bucal melhorar?
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