Não existe dentista desempregado!

Abra a boca…

O Brasil hoje é considerado um país em desenvolvimento. Ainda bem, porque “subdesenvolvido” realmente não era um termo que descrevesse com fidelidade a situação, além de pegar mal pra caramba. Isso significa que somos uma nação em franco crescimento econômico, o que se reflete também em certos aspectos demográficos: nossa população está mais velha e vivendo mais.

Mas qual o interesse prático do aumento da expectativa de vida do brasileiro? Pois são os idosos os maiores “consumidores” dos serviços de saúde, setor no qual nós dentistas atuamos. Sabe o que isso significa? Oportunidade de negócio e valorização do profissional que trabalha nessa área. Segundo projeção do Departamento de Trabalho dos EUA , dos 10 profissionais que mais serão contratados até 2020, 7 atuam na área da saúde… e no 8o lugar da lista está o dentista. Claro, estamos falando da realidade americana mas, considerando que somos um país em desenvolvimento… o futuro parece promissor.

Independente de estudos e projeções, é fato: no Brasil não existe dentista desempregado, a não ser que queira. Já emprego BOM, é outra história ;). Como somos na maioria profissionais liberais, o ideia de emprego formal geralmente não se aplica, mas trabalho sempre há. O grande problema é que a maioria dos dentistas atua nos grandes centros urbanos, e a lei do mercado é cruel: quanto maior a oferta, menor a demanda. E 19% dos dentistas do mundo estão no Brasil, mercado que recebe 8 mil (outras fontes falam em 12 mil) novos profissionais por ano. Mas não se aflija, pra gente competente sempre há espaço.

Ser dentista no Rio de Janeiro ou em São Paulo, que são capitais, traz muito mais concorrência… e uma forma diminuir essa dificuldade é se posicionando de forma diferenciada, atendendo apenas pacientes das classes A e B, por exemplo. Já quem pode escolher e tem disposição para trabalhar em localidades mais afastadas ou até no meio rural, pode se dar muito bem financeiramente falando. Essas regiões costumam ser carentes de profissionais de Odontologia, mas isso não quer dizer que seus habitantes não tenham dinheiro ou não paguem direitinho (pelo contrário).

Em resumo: quer ser dentista? Eu dou o maior apoio. É uma profissão linda e que recompensa muito bem quem se dedica a ela, tanto de forma pessoal quanto em termos mais “práticos” (= bufunfa, grana, faz-me rir, verdinhas…) ;). Porém, lembre-se: você vai ter que ralar bastante. Mas como diz o poeta: fazer o que se gosta não é trabalho, é prazer. E se der pra ganhar algum enquanto isso, melhor ainda.

Compartilhe:

Comentários via Facebook


Categoria: Profissão: Cirurgião-Dentista

Marcadores:

24 comentários

  1. Não concordo. Hoje o que mais existe são profissionais a beira de um colapso… muitos fechando seus consultórios… o que tem de curso caça níquel por ai e brincadeira… e o CFO e CRO nada fazem… Dentista! Orçamento sem compromisso! E agora com o uso de megafone na terceira capital do país!

    1. Sem dúvida, Marcos. Não tá fácil ser dentista! Mas meu ponto é: dentista só fica desempregado se quiser. Trabalho tem. Trabalho bom, digno e que pague bem? Aí é outra história, tem que “garimpar” MUITO…

  2. Não sou dentista, mas entendo muito sobre mercado de trabalho e finanças. Infelizmente a rentabilidade da odontologia é muito baixa considerando o custo da formação. Se vocês pegassem tudo que investiram na formação e colocassem em um fundo de investimento de baixo risco garanto que ganhariam tranquilamente mensalmente mais de R$2000,00 sem trabalhar e sem se preocupar. E com um pouquinho de coragem em investimentos de risco baixo a moderado mais de R$4000,00 sem trabalhar. A solução para a odontologia seria a mobilização dos sindicatos a fim reduzir o número de odontólogos no mercado ou então, em uma perspectiva individual, a emigração.

  3. Ana, eu gostei bastante do seu texto. Eu acho que muitos nao compreenderam a ideia dele, pelo que eu entendi vc quis mostrar que mesmo com o mercado muito saturado, que realmente esta, apesar de haver muita concorrência, se vc se esforçar, trabalhar nisso, “ralar”, poderá se dar bem. Como vc mesma disse, sempre há espaço para profissionais competentes. E para mim o que eu entendi, é para pensarmos positivo sempre, apesar das circunstancias, e que mesmo nao trazendo uma boa remuneração, se vc gosta do que faz será feliz. Eu estava em duvida entre dois cursos para cursar na faculdade, e um dele é o de odontologia, e o seu texto me ajudou! Muito obrigada 🙂

    1. É isso aí, Isabela! Nem tudo são flores… mas se tiverem flores no caminho, por que não admirá-las? Todas as profissões têm seus problemas, e Odonto tem, sim, um monte deles. Mas tem, também, muitos aspectos legais. E neste texto, eu quis abordar um panorama mais positivo. Só isso. Nunca, nunca, nunca passou pela minha cabeça causar polêmica. Abraço, e tomara que você escolha Odonto… 😉

  4. Vou dar uma de “advogado do diabo” aqui, se me permite a Ana.

    Essa de dizer que os dentistas estão se empregando facilmente, nem precisa responder”claro que não, quase totalmente ao contrário. A grande resposta, é que existe uma diferença entre estar empregado e subempregado. Tenho certeza absoluta que a Odontologia deveria retornar bem mais do que a realidade nos mostra, afinal, esta profissão, além de altamente custosa, necessita de equilíbrio e responsabilidade de cirurgião.

    Custos com manutenção de consultório, beiram a casa de 2.500,00 reais por mês, demonstrando uma rentabilidade necessária de pelo menos o triplo disso pra valer a pena nossa dedicação exclusiva, o que faz com que sejamos a última luz a se apagar no nosso bairro, dado o horário estendido de trabalho.

    Então, concluindo, quero dizer pro Tio, o Luis e a Ana Tokus que os colegas não estão com mi-mi-mi, reclamando, mas, sim, se sentindo traídos pelas apostas feitas numa profissão que se exibia muito promissora, mas que tem tirado muita gente do mercado. Eu mesmo tenho colegas de faculdade, e muitos, que eram excelentes alunos, mas jogaram a toalha devido aos altos custos de administração do consultório.

    A boa notícia é que as faculdades tem diminuido suas vagas na Odonto, existindo até aquelas que estão fechando as portas. Isso sim é acreditar em futuro promissor.

    Abs.

    Abs.

    1. Ô se permito, Marcelo. 🙂

      Eu não acho que os colegas estejam de mimimi não… eles têm argumentos sólidos. Mas é como eu disse, não era a intenção do texto uma análise profunda com os prós e contras da nossa profissão, até porque eu acho que um texto só não seria capaz de expressar isso (não um texto num blog onde a ideia tem que ser passada de forma sucinta, quem sabe num livro…). Por isso, dados os vários textos onde eu discuto aspectos mais áridos da profissão, neste aqui eu resolvi ver o lado bom, entende? Mas concordo com você com relação à ideia emprego x subemprego, o que deixo claro quando digo que “no Brasil não existe dentista desempregado, a não ser que queira. Já emprego BOM, é outra história”. É fato: vê-se muitos dentistas reclamando de condições de trabalho, mas nunca de desemprego. Eu nunca imaginei que este post teria a repercussão que vem tendo, nunca foi minha intenção. Mas vale a discussão, né?!

  5. O problema é o seguinte: faltam dentistas nos Estados mais carentes. A maioria está concentrada no Centro-Sul. E estes em sua maioria não querem atuar nas regiões mais pobres.

  6. Concordo com o texto. O otimismo é fundamental na Odontologia e em qualquer profissão. Parabéns pelo post, pela opinião e pela originalidade. Digo isso porque já estamos de saco cheio de ver dentistas reclamando e choramingando nas redes sociais. Tem muita coisa errada sim. Os conselhos são fracos e muitos mercados estão saturados, mas não dá pra dizer que faltam empregos. Agora, está na hora do dentista se valorizar e dizer NÃO quando ele achar que um convênio paga pouco. Está na hora de ele parar de explorar seus colegas recém formados nas clínicas populares. Está na hora de fortalecer os conselhos. Lutar com otimismo. Tenho certeza que muitos que se lamuriam no Facebook, são os mesmos que abaixam suas cabeças e vão como gados para o abate atender seus convênios que tem uma tabela de fome e miséria. Entendam: os convênios precisam dos dentistas e não o contrário. Está insatisfeito? Tente negociar, descredencie, saia fora de roubadas. Não estou dizendo que está fácil, mas se fazer de vítima não é o caminho, definitivamente.

    Tem trabalho de sobra para quem trabalha direito. É óbvio que alguns mercados estão saturados por culpa das aberturas desenfreadas de faculdades nos últimos 20 anos, mas isso não é desculpa para aceitar trabalhar para convênios ou trabalhar em clínicas populares em situações de porquice extrema. Dentista adora choramingar que tá tudo ruim, que ganha mal, mas não mexe um dedo para mudar isso. Tem muita coisa errada e não adianta culpar a mensageira – aqui, no caso, a Dra. Ana Tokus. Não digo isso porque sou companheiro de blog, mas porque ela expôs os dados mais recentes e depois opinou sobre isso com otimismo. Em 10 anos de profissão, nunca estive desempregado. Apenas por 3 meses após a formatura. Hoje posso escolher o que gosto de fazer e trabalhar bem. Chega de reclamar e vamos agir! Boa sorte para todos nós. Abraços.

    1. Exatamente, Luiz. O texto é uma afirmação: “não existe dentista desempregado”. E, até agora, ninguém discordou de mim. Ou seja: não existe mesmo. Agora o negócio é trabalhar pra melhorar as nossas condições de trabalho, cobrar atitude dos órgãos que nos “representam”, procurar a própria valorização profissional e as dos colegas… e trabalhar direitinho. Aí a coisa funciona… mas o assunto deste post não é esse, porque eu deveria falar sobre isso? 🙂

  7. Concordo plenamente com o fato de o mercado profissional na Odontologia esteja super saturado. Concordo também que é desanimador ver faculdades de Odontologia sendo abertas a esmo, despejando novos colegas aos montes pelo país – muitas vezes sem um preparo adequado para a prática da profissão.
    Tenho que concordar que não é fácil competir com quem não leva a profissão a sério, que desrespeita o código de ética, que cobra valores irrisórios, mercantilizando a saúde bucal.
    E quem sou eu pra discordar dos colegas quando reclamam que nossos digníssimos conselhos não nos representam de forma digna como esperamos – e MERECEMOS! – ao não tomar uma posição mais dura em relação às práticas abusivas de convênios e aos profissionais de má fé.

    Por outro lado concordo plenamente com a Ana. A Odontologia é uma profissão promissora sim. Por mais que reclamemos, tem lugar pra todo mundo que quiser se comprometer com essa profissão tão nobre sim. Somos um país que está batendo na casa dos 200 milhões de habitantes. É gente pra caramba. Tá, sei perfeitamente que boa parte dessa multidão não tem condições de pagar um tratamento odontológico. Mas a gente tem que fazer nossa parte também e lutar por uma Odontologia que seja mais acessível a todos os brasileiros.
    Mas a Odontologia está se desenvolvendo, acompanhando as necessidades de nossa população sim. Odontologia para Pacientes Especiais, Odontogeriatria, Odontologia para gestantes, Odontologia hospitalar, Odontologia desportiva são alguns exemplos de áreas que, até há pouco tempo atrás, nem se cogitava que pudessem existir. Algumas até já foram declaradas como especialidades pelo CFO. E as outras vão seguir o mesmo caminho.

    É preciso ser otimista sim.
    E sem falso moralismo dizendo que não está sendo pessimista, e sim, realista. A realidade pode não ser a que desejamos. Mas temos o poder de mudá-la. Basta querermos.

    1. É isso Tio… resumiu a questão. Tem coisa ruim? CLARO que tem. Mas por que não ser otimista, por que não procurar oportunidades na adversidade? Acho que os dentistas estão tão acostumados a reclamar e a enxergar só o panorama sombrio que, quando alguém se expressa de outra forma, eles se assustam (e duvidam que o autor do texto seja dentista :D).

  8. Matéria de capa do Diário de São Paulo de hoje , 6/9/12 : ” DENTISTA CUSTA SÓ R$30,00 AO MÊS”.

  9. Concordo plenamente com meus colegas Carlos e Luciano.. Para escrever uma materia sobre este assunto, tem que estar, no minimo, melhor atualizada sobre a situação atual dos colegas cirurgiões dentistas.

    1. Fabiana, respeito a sua opinião. Mas a intenção do texto não é discutir a situação atual dos colegas cirurgiões dentistas (a questão dos convênios, a falta de representatividade dos conselhos e sindicatos, etc.). A ideia do texto é apenas fornecer uma visão otimista para o profissional da área da saúde, já que a demanda do setor, com o envelhecimento da população brasileira, tende a crescer. E isso é ótimo.

      Não, ser dentista não é um mar de rosas… nenhuma profissão é (florista, talvez seja ;)). Mas as agruras não estão sendo discutidas aqui, existem outros posts pra isso (exemplo: https://medodedentista.com.br/2012/03/a-rede-unna-e-a-odontologia-mais-barata-que-pipoca.html). Este aqui visa dizer que “não existe dentista desempregado”, o que é verdade. Condições de trabalho, valorização profissional, etc. é outra história. As fontes estatísticas estão aí no post (e na minha resposta ao Luciano tem um link).

  10. Esses dados são infundados. Hoje, quase 20% (!) dos dentistas são brasileiros. Essa enorme quantidade gera preços baixos, sem contar os planos de saúde que se aproveitam desse excesso de dentistas.

      1. Desculpe Ana, a palavra foi mal utilizada mesmo, não eh “irresponsável”, mas eh uma leitura equivocada das estatísticas, como diria o meu amigo Collares “estatística eh a arte de espremer os números ateh que eles confessem” ou ainda o finado Mestre Garcia “estatística mostra tudo, menos o essencial”. E que empregos são estes que os dentista tem?? Muitos sem os devidos direitos em clinicões, faça um comparativo entre quantidade de empregos disponíveis para dentistas e qualidade, muita informalidade no setor, baixo indice de satisfação, isto naum melhora a odontologia, muito pelo contrário, não eh algo para nos orgulharmos!! Veja tb no site do cro qual o ganho mensal médio por dentista, os valores caem ano a ano, cada vez mais colegas ganham menos… o mercado em desequilíbrio prejudica ateh os mais bem sucedidos!! Os bons cada vez mais pagam pelos ruins!! Respeito a sua opinião, peço desculpas se não fui bem compreendido, gosto do blog, apenas fiquei surpreso com as informações.

  11. Isto está totalmente fora de contexto!!!!! a diferença brutal eh q nos EUA não existem tantas faculdades de odontologia e consequentemente nem tem tantos profissionais…. no brasil o problema não eh falta de trabalho, eh o acúmulo de profissionais no mercado, q está aumentando a concorrência de forma desleal. proliferando clínicas (empresas como imbra) que exploram os dentistas, e mercantilizam a odontologia em detrimento a qualidade do serviço!!!! considerem a projeção de qtos dentistas teremos daki a alungs anos em relação ao aumento da população e a melhoria de renda do pessoal, considere isso e me diga de novo q o cenário eh favorável!!! isso q foi escrito, eh no mínimo irresponsável. Além disso, o dentista pode não sofrer desemprego, mas a rentabilidade da profissão está sendo achatada cada vez mais, se trabalha muito, se estuda muito e o ganho nem sempre eh proporcional!! se houver um dentista que trabalhe atuando como dentista q discorde de mim por favor me responda, eu realmente gostaria de escutar algo de positivo!!!

    1. Carlos, isso não é irresponsável… é a minha opinião. Uma opinião bem otimista, mas eu me responsabilizo por ela. Se a sua é diferente, taí o espaço. O título do post é “não existe dentista desempregado”… e com isso até você concorda. 🙂

A área de comentários / perguntas está fechada. Agradeço a compreensão.

No plantão: Ana Tokus

Cirurgiã-dentista graduada pela Universidade Federal do Paraná, especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia pela ABO-PR, convicta de que medo de dentista se combate (também) com informação. Diva-Boss do OdontoDivas e autora do Blog Raios Xis. Twitter: @AnaTokus e @medodedentista